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A máscara brigou com a comunicação.

Pobre máscara, tão rejeitada, tão mal usada! Se fosse uma pessoa, poderia até reclamar de bullying, mas como é um simples objeto, apenas entra na lista de mais um sofrente item de desprezo dos marketeiros.

O problema das máscaras não são elas, mas sim a falta de comunicação. Isso mesmo querido leitor, mais uma vez quando reconhecemos que o problema do mundo está na falta de comunicação: quando reclamamos que as pessoas não usam máscara ou a usam incorretamente, o problema está na falta de COMUNICAÇÃO.

Analisando a questão, todo normal é chato e as pessoas em geral estão cansadas, com o perdão da palavra, de “saco cheio” de infectologistas, jornalistas engravatados, médicos de renomados hospitais repetirem "Use máscara” ou “O jeito certo de colocar a máscara é assim, é assado”. Mas alguém já parou para pensar que uma bela parcela da população não sabe o que é um infectologista, mal consegue marcar uma consulta no SUS e agora você quer que ele ouça alguém do Einstein?

Desta forma, primeiramente precisamos usar uma pitada de empatia, aquela capacidade de reconhecer algumas emoções vivenciadas por outras pessoas e, ao reconhecer e acolher essa diversidade - e aqui vamos entender que o Brasil é um país extremamente diverso, com mundos paralelos, convivendo com uma interconectividade de 5 gerações e milhares de tribos - não seria mais inteligente tentar mudar nossa forma de comunicação para alcançar mais pessoas?

As pessoas precisam ser convencidas, se conectar, conversar na mesma língua uns com os outros se reconhecendo, estando na mesma tribo. Eu não consigo usar uma linguagem técnica para falar com alguém que nunca conseguiu marcar uma consulta no SUS. Essa pessoa não vai parar para ouvir um infectologista, infelizmente. A mensagem não chega até o ouvinte se ele não está na ponta final, se ele não assiste ao programa em que a mensagem está sendo transmitida, se ele não ouve e entende o conteúdo da mensagem.

A comunicação hoje não é mais para uma sociedade de massa. Um exemplo disso é a própria TV Globo, que por anos seguidos foi e ainda é líder de audiência. Ela já conseguiu ter 100% de ibope em uma de suas novelas, como por exemplo Roque Santeiro, mas hoje, mesmo com o belo trabalho que faz de conscientização pelo uso correto das máscaras no Jornal Nacional, seu pico de IBOPE foi de apenas 32,9% na noite da transmissão da morte do senador Major Olímpio. Ainda podemos ir além: se falarmos do mix de gerações, nem todas as casas com TV estão conectadas à TV aberta, pois muitos das gerações W e Z preferem canais de streaming e YouTube. Como atingi-los?

Esse deveria ser o papel de responsabilidade dos ídolos, celebridades e marcas (que saudades da Hebe Camargo, que movia montanhas e trazia toda audiência para seu lado!).

Onde estão os jogadores de futebol, essa linguagem universal? E se cada jogador colocasse em sua rede social um vídeo explicando sobre a importância das máscaras e de usá-las da maneira correta? Seria um golaço!

Cadê a galera do funk? Onde está o bonde que mobiliza comunidades? Vamos botar todo mundo para dançar a dança da máscara correta, a dança do álcool em gel, a dança de ficar em casa. É só mais um pouco, galera! Não dá para fazer baile agora porque quem tá dando um baile na gente é o vírus!

E o pessoal do pagode, do samba, do axé? Vamos esperar mais um pouquinho para o nosso churrasco com um pagodinho, com um sambinha? Vai rolar, mas se rolar agora vai faltar gente, vai faltar muita gente!

Pessoal do sertanejo, vocês mobilizam milhares de pessoas com grandes festas pelo país, precisamos de vocês nas suas redes sociais falando, explicando que máscara não é para usar no queixo nem na metade do rosto, que é para cobrir a boca e o nariz.

E me pergunto onde está o rei Roberto Carlos? Já trabalhei em rádio, na produção de seus shows e sei da sua capacidade, Rei, de seu magnetismo. Por que você não vai à TV, às mídias sociais e ensina seus fãs a forma correta de usar as máscaras? Faço a mesma pergunta ao rei Pelé! Majestades, agora é hora de reinar, seu reino precisa de vocês. Corram para suas mídias sociais e comunique -se com o público de vocês!

Por falar em majestade, rainha Xuxa, você nunca perdeu o seu reinado, brinque com sua música: “Olhos, orelhas, boca e nariz….” não sei honestamente se você já fez isso, mas daria um ótimo reels, Tik Tok ou coisa parecida explicando como usar a máscara, a parte do boca e nariz, claro..rs.

E as marcas… essas me deixam chateada... Poxa vida, marcas... pagam milhões em propaganda, gastam milhões em patrocínios tentando vender tantas coisas. Para quem? Para os mortos da pandemia? Para os pacientes entubados, para as famílias quebradas? Que tal se cada investimento, se para cada blogueiro ou patrocínio estivesse embutido inconscientemente o uso da máscara? Por que não vender o rímel com a moça bonita usando a máscara? Por que não usar os milhões investidos por lojas e marcas no BBB que, aliás, atingiu 56% de IBOPE, não fizessem uso desse dinheiro com jogos e provas usando máscaras? Sabemos isso é CHATO, as pessoas querem se divertir, querem esquecer a lamúria, não está lá pra isso ... sério? Até o dia seguinte serem lembradas de uma maneira pior, tudo bem pra vocês?

Não precisa ser um matemático muito inteligente para entender que se não nos conectarmos com o público da maneira correta e não usarmos a comunicação como ferramenta correta, REAL SKILL, ou falarmos diretamente de uma maneira inteligente com quem está próximo da gente, não falaremos mais, pois essas pessoas infelizmente não poderão nos ouvir.

Parece pesado? As pessoas querem se divertir? Ídolos e marcas, comunicadores, entendam que o maior erro de comunicação é não se comunicar com seu público, é não transmitir a mensagem que é necessária e urgente.

Infelizmente William Bonner, Fátima Bernardes e os infectologistas na TV não conseguem atingir a massa necessária. Precisamos da cooperação, engajamento e de um trabalho duro de todos os outros nichos que guiam a nossa comunicação.

Pois pobres infectologistas, pobres e esgotados médicos. Estão cansados e continuarão cansados para sempre se o chefe de cada tribo não entender a responsabilidade que carrega em se comunicar corretamente com seu público, pois hoje a vacina salva vidas - e se comunicar corretamente também.



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